![]() |
Osvaldo sofre entrada de Bruno Silva em disputa de bola (Foto: Nelson Perez/ Divulgação FFC) |
Já vencemos
jogo neste campeonato com atuação pior do que a de ontem.
O Fluminense
que fora de casa costuma jogar todo atrás, por uma bola, sem volume de jogo e
compensando tudo com muita guerreiragem, foi um time que dessa vez partiu para cima, propôs o jogo e parecia, até sofrer o gol de pênalti, mais próximo da
vitória. Curioso perceber que nem sempre a sensação de domínio vem acompanhada
de maior posse de bola. Tivemos cerca de 49%, mas fomos mais agressivos. Faltou
converter o domínio em gols.
A rigor, até
soubemos fazê-los, mas quando pusemos a bola no fundo das redes pela segunda vez, bateram nossa carteira. Gol anulado justamente em um momento no qual o time crescia na partida e colocaria
pressão extra sobre o adversário com a virada. O momento psicológico era favorável
ao Tricolor.
Coisas estranhas
acontecem neste Brasileirão. O bandeirinha Paulo Ziolli e o árbitro Raphael Claus correram
simultaneamente para o centro do campo. De repente, pressão do time da casa,
confabulações entre o árbitro e o auxiliar, e volta-se atrás na decisão. Difícil
acreditar que não houve auxílio externo. Da certeza de gol, árbitro e bandeira partiram para cogitações. Primeiro, Fred teria participado do lance e estaria impedido (nem um, nem outro). Depois, Marcos Júnior teria tocado a bola com a mão. Pareciam estar recebendo pelo ponto eletrônico informações em tempo real sobre o que a transmissão da tv revelava.
Na marcação
do pênalti que decidiu a partida, o árbitro, que estava mais próximo do lance, inicialmente marca falta. Em seguida, abdica de exercer sua autoridade para consultar o auxiliar, que tampouco havia corrido para a linha de fundo, em clara
transferência de responsabilidade e indício de novo auxílio externo, modificando a decisão inicial. Vi comentarista celebrando o fato de que,
ora bolas, a arbitragem no final das contas acertou nos 2 lances. A forma caseira
com que chegaram a este acerto parece secundária, irrelevante.
No dia que eu
presenciar tanta boa vontade da arbitragem com o Fluminense para se chegar à “verdade
do lance”, eu juro que pinto meu cabelo com as cores do nosso pavilhão. Mas o campeonato seguirá desigual nos critérios e nem todos terão direito a arbitragem tira-teima.
Que o leitor
não se apresse em julgar que este colunista deseja encobrir o sol com a
peneira. Tenho absoluta consciência das limitações do time e problemas na
montagem do elenco. Jogando sem R10, Cícero e Vinicius, quase todos os jogos
serão parelhos. Engana-se quem acha que sem estes o Flu dispõe de time para
atropelar, a ponto de ser sacaneado pelo apito e ainda vencer. Não podemos
abrir mão de arbitragens isentas. Raros times no Brasil podem.
Enderson precisa
conversar com seus volantes. Nos 2 últimos jogos, justamente as duas derrotas,
Edson tem tido um posicionamento mais ofensivo, atuando mais como 2º volante do
que como 1º, ficando Jean mais recuado e próximo dos zagueiros. Essa troca de
funções é preocupante, porque a saída de bola fica a cargo do volante menos
técnico e a destruição das jogadas a cargo do volante com menor pegada. O
exemplo que ilustra o que digo é o 1º gol da Chapecoense. Edson sai jogando
errado, Dener se antecipa, rouba a bola, se projeta em velocidade, passa por
Jean e encontra Bruno Rangel na área, que abre o placar. O erro pegou a defesa
tricolor de calça curta. No final das contas quem fica com a culpa é Gum ou
Antônio Carlos. Menos mal que o Pedreiro compensou com o gol logo depois.
Breno Lopes
apresentou estilo de jogo semelhante ao de Giovanni. Preocupado com os constantes
avanços de Apodi e Thiago Luís pelo seu setor, fez partida defensiva, se
lançando poucas vezes ao ataque, e quando o fez demonstrou a mesma tendência de
cruzar a esmo que o titular da posição. Causou-me estranheza Enderson não ter
mandado Osvaldo cair mais pela esquerda para explorar o corredor deixado por Apodi.
Somente no fim do 1º tempo é que o atacante tricolor inverteu de lado com
Scarpa.
A entrada de
Magno Alves no lugar de Fred, com dores musculares na coxa esquerda, alterou um
pouco o desenho de jogo. Com Fred tínhamos o centroavante que recuava
frequentemente ao ponto de armação das jogadas pelo centro do campo, função que
nosso camisa 9 tem revezado com Marcos Jr., pela ausência de um típico meia
armador. Com Magno o time passou estranhamente a alçar mais bolas na área,
tendo um atacante de área mais baixo. No entanto, Magno caiu mais pelos lados,
especialmente pela esquerda, buscando tabelas com Osvaldo, sem muito sucesso.
Outro ponto
que precisará ser muito trabalhado é nossa bola parada. Somente de escanteios foram
10 a nosso favor, com zero aproveitamento. As cobranças de falta e escanteio
foram alternadas entre Gustavo Scarpa e Osvaldo, algumas batidas bisonhamente,
sem pegar altura, outras indo parar diretamente na mão do goleiro. Por vezes,
para se vencer uma partida de futebol, não se requer grandes sacadas táticas. Basta capricho. Ao longo da partida, realizamos 25 cruzamentos na área adversária, dos
quais apenas 2 certos. Com laterais que cruzam aleatoriamente e jogadas de bola
parada mal cobradas/mal ensaiadas a vitória fica mais distante.
Enfim, são
erros que se somam e culminam em derrotas, nos convidando à tentação de
confundir resultado adverso com acomodação,que ainda não vejo neste elenco. Estávamos
vencendo na conta do chá, com vitórias que encobriam limitações e uma hora as
derrotas viriam. Das 4 derrotas até aqui, duas (Palmeiras e Chapecoense)
tiveram o auxílio luxuoso de arbitragens safadas.
A próxima partida,
contra o Grêmio, assinala a provável estreia de Ronaldinho Gaúcho. Resta saber
em que condições e por quanto tempo conseguirá atuar. Oxalá que no período de
tempo que estiver em campo, R10 consiga trazer luz à criação no meio de campo e
às cobranças de bola parada. Será um duelo estratégico contra uma equipe empatada
conosco na pontuação e muito bem armada pelo Roger. Que a torcida compareça,
incentive até o apito final, e não aguarde show. Show é no Camp Nou.
TIRO LIVRE:
- Marlon
precisa retornar ao time titular. Não é justo que sua ascensão seja barrada por
uma dupla envelhecida e decadente como Gum e Antônio Carlos. O meu escolhido
para sair, no entanto, não seria Gum, como muitos têm pedido, e sim Antônio
Carlos, com quem Marlon guarda mais semelhança. Ambos jogam mais à vontade pela
esquerda e são zagueiros de sobra, enquanto Gum é de primeiro combate. No
somatório dos 4 últimos gols sofridos, Antônio Carlos contribuiu mais do que
Gum para que eles acontecessem. Fez um pênalti afobado ontem, após sair da área
sem sucesso para tentar conter, ao lado de Jean, uma aproximação entre Bruno
Rangel e Wagner Maguila.
- É provável
que em algum momento do campeonato, quando todos os meias estiverem à
disposição, que Marcos Júnior vá para o banco. Será uma pena. Tem sido o jogador
mais regular e efetivo nas últimas 4 partidas. Não ocupa uma posição muito fixa
em campo. Conduz bola pela faixa central, mas logo cai pelos lados procurando
tabela, incursão na área, volta para recompor, etc. Um motorzinho. Peca na finalização.
- Não contrataremos
lateral esquerdo e acho que vamos nos arrepender. Esse é a posição em que, de
longe, o planejamento do futebol errou de forma mais cristalina. Tentou compor
o setor com o mediano o Giovanni, o péssimo Guilherme Santos (já dispensado) e
até improvisando o fraquíssimo Victor Oliveira. Depois foi atrás do quarto
reserva do Cruzeiro. No entanto, mesmo com credenciais pouco animadoras, Breno Lopes merece maior tempo de observação antes de uma avaliação.
Por Bruno Leonardo
Nenhum comentário