Select Menu

Gif Flulink



Slider

Travel

Performance

Cute

My Place

Mercado Tricolor

Racing

» » » » » » Fluminense Horror Show
«
Next
Postagem mais recente
»
Previous
Postagem mais antiga

Wellington Silva divide jogada com Valdívia na derrota tricolor para o Inter (Foto: Nelson Perez/ Divulgação FFC)

Em uma das coletivas de imprensa que antecederam o duelo contra o Internacional, o zagueiro Marlon soltou a seguinte declaração:

“Nós jovens temos que correr para os mais velhos com certeza. Eles estão com a vida ganha, mas é um orgulho correr para eles, porque a qualquer momento podem resolver”.

A afirmação do zagueiro, que à primeira vista soa como uma apologia à solidariedade entre os jogadores jovens e experientes em campo, revela um entendimento um tanto quanto ultrapassado sobre futebol.

Trata-se do discurso que estabelece que no futebol alguns correm para que outros possam se preocupar em apenas criar (Ronaldinho, Cícero). Discurso que, no fundo, gera uma sobrecarga nos que correm e um desequilíbrio tático na equipe, porque quem não corre na frente, deixa o rojão cair no colo da turma de trás. Além disso, tal discurso troca o jogo intenso e participativo durante os 90 minutos por lampejos (“a qualquer momento podem resolver”).

O Fluminense de Enderson se mantém fiel ao 4-2-3-1, mesmo que não disponha das peças ideais para montá-lo. O técnico tricolor enviou a campo um equipe com Ronaldinho aberto na esquerda, Marcos Júnior centralizado e Cícero aberto na direita. Atrás desta linha de 3 meias, dois volantes distantes, em que apenas um (Jean) tinha saída de bola qualificada, enquanto Pierre é o típico volante que apenas destrói. O resultado foi um time com pouca mobilidade e verticalidade pelas laterais, sem compactação, saída de bola dificultada e sem poder de marcação sem a bola. Presa fácil para um Inter que congestionou o meio de campo com 3 volantes.

Futebol não tem mágica. Cícero foi pouco aproveitado no Al Gharafa, onde havia realizado apenas 8 partidas. Mesmo com mais da metade do ano transcorrido, chegou ao Fluminense ainda precisando aprumar a forma física. Ronaldinho estava inativo há 2 meses. Pulou algumas etapas de preparação para estar à disposição de um time que de uma só tacada perdeu Wagner para o futebol chinês e Vinicius por fratura no pé. Tanto Cícero quanto Ronaldinho deram ao meio de campo tricolor um toque de showbol. Trotavam em campo quando os volantes colorados davam a saída de bola, marcando à distância como meros espectadores. Zero pressão.

O Fluminense também vem sendo castigado por erros individuais. A expulsão de Marcos Júnior, embora decorrente de uma falta valorizada pelo lateral William, foi absolutamente infantil, e concorre com a de Magno Alves, na partida contra o Palmeiras, pelo posto de expulsão mais idiota do ano. O giro de Cícero para tentar proteger a bola e sair jogando, em um lance que bastava fazer um domínio de bola simples, gerou a roubada de bola de Vitinho e o consequente  gol do Inter.

Enderson, a exemplo de Cristóvão, anda fazendo de suas substituições um evento. Tirou Ronaldinho, pôs Lucas Gomes (que entrou bem) e aí matou qualquer possibilidade de lampejo criativo, uma vez que Cícero dormia em completa inoperância. Quando o interino colorado já havia enchido sua equipe de atacantes, com as entradas de Vitinho e Lisandro López, o rapaz do Posto Ipiranga tratou de atrair ainda mais o adversário para o nosso campo, tirando o trombador Wellington Paulista e colocando Antônio Carlos, que só entrou para sobrecarregar Marlon e obrigá-lo a sair algumas vezes em sua cobertura. Com um homem a menos, WP virou peça supérflua em campo, por não dar nenhum escape, e deveria ter sido o primeiro a ser sacado. 

Um circo de erros e horrores, em que o atirador de facas manda na abeça e o serrote corta o corpo ao meio de verdade. O Fluminense Horror Show só não foi mais aterrorizante porque Cavalieri estava em uma noite inspirada e evitou um placar mais elástico. Quem dera que esse nível de atuação voltasse a ser o seu normal.

Peço agora licença para deixar a análise do jogo um pouco de lado e abordar de algumas questões envolvendo o nosso elenco.

Fico na torcida para que o melhor desempenho do R10 dependa apenas de melhorar o condicionamento físico e aumentar o entrosamento com os companheiros, porque tais coisas dependem apenas de tempo. Fico, no entanto, com o pé atrás quando lembro que sua última grande temporada foi há 2 anos atrás, no Atlético-MG, e que no Querétaro terminou a temporada como reserva. Resta ainda a lembrança de sua passagem pelo Flamengo, o que sugere que o bom futebol mostrado no clube mineiro possa ter sido o último espasmo de um gênio decadente. O tempo dirá.

É uma tremenda bomba contar com 2 jogadores de inegável potencial técnico, mas cuja condição atlética está abaixo do que o futebol moderno requer. Embora eu reconheça que Enderson é apenas um treinador mediano, recairá sempre sobre ele a acusação de não saber utilizar os dois craques, isentando ambos de suas responsabilidades. No Tactical Pad (nada contra a ferramenta em si) as peças sempre se encaixam e deixam o treinador da vida real com cara de bobo.

Quando o Atlético-MG viu que precisava fazer algumas reformulações no elenco para manter a identidade de seu futebol veloz e competitivo, negociou Ronaldinho com o México, cedeu Pierre ao Fluminense, e pôs um ídolo da torcida, Guilherme, na reserva. Ficamos com dois descartes que não servem à visão de futebol do atual vice-líder do campeonato.

Futebol não é juntar Fred, Osvaldo, Ronaldinho, Cícero, Vinicius, Magno Alves, Marcos Júnior e Gerson, e pensar que com este acúmulo de peças interessantes do meio para a frente, tem-se um time para ser campeão.

A massa desanda se alguns destes talentos já estão na curva descendente, vivem de lampejos, não gostam de marcar, se lesionam com frequência ou só levam perigo na bola parada. Se os laterais são fracos, não sabem cruzar e seus reservas são mais fracos ainda. Se dos 4 zagueiros apenas um tem velocidade e qualidade na saída de bola. Se o elenco comporta volantes que não sabem distribuir o jogo. O diabo mora nos detalhes quando se trata de montagem de elenco.

Henrique não tem mais condições de jogar em clube grande. Corre como se tivesse uma perna mais curta que a outra, faz lançamentos como se tivesse certeza que é o Beckenbauer e que via de regra saem errados. E protagoniza lances bisonhos, como o giro em cima de Sasha, em que tenta dar uma bicuda e entrega a bola no pé do atacante. Num lance que começou quando o zagueiro evitou fazer o simples, passando a bola, e em vez disso foi recuando com a mesma até um ponto sem saída. 

Sua atuação foi um belo cartão de visitas para quem decidiu eleger Gum a fonte de todos os males. Se quase todos os jogos do Flu tem sua cota de erros individuais, a presença de Henrique eleva esse índice.

Não se trata de crucificar jogadores. De apontar vilões. Mas de tentar enxergar o elenco do Fluminense com uma lente realista. O nível do futebol brasileiro é baixo. Venceremos jogos com o uma lance de bola parada de Ronaldinho, com a velocidade de Osvaldo, o faro de gol de Fred, a movimentação de Vinicius. Em suma, venceremos com lampejos individuais de um time que não é um conjunto forte. Em parte, por causa de um elenco que tem lacunas e foi mal planejado. Em parte porque temos um técnico que não sabe achar uma maneira de jogar.

Por fim, um recado à diretoria: mostrar a canela lanhada do Pierre na internet, em lance que deveria ter valido a expulsão de Alex, não vai mudar nada. Fomos mais uma vez prejudicados por uma arbitragem caseira e venal. Se empregássemos contra a arbitragem deste campeonato metade da energia e da indignação pública que empregamos contra a FERJ, já teríamos colhido os frutos. O jogo é midiático. Ofícios morrem nas gavetas da CBF.

TIRE LIVRE:

- Sou mais a galerinha do sub-20. Teriam feito melhor contra o Inter.

- Com 6 derrotas no campeonato, algumas contra times que perderão para nossos concorrentes diretos, o penta está derretendo. Times campeões brasileiros não acumulam mais do que 7 ou 8 derrotas em todo o campeonato.

- Espero não ver Vinicius no banco de reservas para acomodar alguns medalhões no time titular. Seu retorno está próximo, e se faz urgente.

- Ressuscitamos mais um morto. Fluminense dá o dom da vida eterna. Que a torcida compareça domingo no Maracanã e evite que o Figueirense seja o novo beneficiado pela caridade tricolor.



Autor: Bruno Leonardo

«
Next
Postagem mais recente
»
Previous
Postagem mais antiga

Nenhum comentário

Deixe um comentário