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Renato comemora o gol da vitória abraçado pelos companheiros (Foto: Ricardo Brum/ Agência O Dia)


Valeu pela vitória cardíaca, com gol milagroso nos acréscimos.

Valeu por termos descoberto que há no banco uma boa sombra para o oscilante Cavalieri.

Valeu pelo toque nostálgico de ver o Magnata voltar a fazer um gol pelo Fluminense no Maracanã.

Valeu por ver Scarpa mostrar boa adaptação à lateral esquerda, com mais uma ótima atuação.

E foi só. Um pequeno somatório de emoções e aspectos positivos que não fazem um time. Ontem andamos no fio da navalha. Um petardo de fora da área transformou lixo em luxo. Um fim de jogo sob vaias em um arquibancada eufórica. Mas foi pouco.

O que você espera quando sabe que seu time tem uma longa viagem a Belém na partida de volta, espremida entre dois jogos difíceis do campeonato brasileiro? Que ele pratique em casa o be-a-bá de uma partida de mata-mata: imprimir pressão, de preferência nos 15 minutos iniciais, para encurralar o adversário e quem sabe já abrir o placar, visando construir um resultado dilatado.

O Fluminense não fez nada disso. Atuou como se fosse uma morna partida de pontos corridos, e só foi desferir o primeiro chute a gol quando já eram transcorridos quase 20 minutos de jogo, em bela matada de peito de Ronaldinho para Fred, que chutou em cima do goleiro. A rigor, foi o único lance real de perigo em toda a primeira etapa.

Ficam dúvidas no ar. Faltou fôlego, interesse, entrosamento ou o entendimento por parte da equipe do que é disputar um torneio mata-mata? Vi elementos aqui e ali que apontam para todos esses ingredientes agindo simultaneamente. É fundamental para o Fluminense levar a Copa do Brasil a sério. Além de valer título, vale vaga para a Libertadores. Não temos nenhuma garantia de que essa vaga virá via Brasileirão.

Na entrevista à beira do campo, antes da bola rolar, o técnico do Paysandu, Dado Cavalcanti, fez interessante ponderação: “O Fluminense é favorito, tem grandes jogadores, mas não cabe ao Paysandu ser melhor do que o Fluminense, e sim ser mais competente em 2 jogos”.

E o Paysandu percebeu que a receita para ser mais competente do que o Fluminense não é das mais complicadas: pegue Edson e Jean numa noite pouco inspirada, faça uma marcação agressiva e adiantada, e pronto: o meio de campo do Fluminense está desarticulado. Até porque Ronaldinho e Cícero não agrupam e nem se deslocam para dar opção de passe e terceirizam a função com Marcos Júnior, que é um carregador de bola que joga de cabeça baixa, sem visão periférica das jogadas.

Desta forma, a transição do Flu para o ataque é feita aos trancos e barrancos, culminando sempre numa bola alçada à área. É nossa única jogada. Quantos passes verticais buscando uma infiltração na área foram vistos? Praticamente nenhum! Nesse 4-2-3-1 do Enderson não há uma referência móvel jogando nas costas da zaga. Essa referência poderia ser Marcos Júnior, mas este foi visto alternando entre a meia esquerda e qualquer ponto do campo onde R10 e Cícero não estariam.

Algumas coisas não podem ser colocadas na conta do Enderson. Sem Osvaldo, com lesão muscular, sem Gerson, que praticamente não treinou nos últimos dias, sem Vinicius, se recuperando de fratura no pé, e sendo obrigado a escalar Scarpa na lateral em função da mediocridade de Breno Lopes, Enderson escalou o meio de campo que era possível. Mas esse meio de campo vai sofrer em qualquer partida que exija intensidade e correria. Entrar com Fred, Ronaldinho e Cícero em Belém, apesar da escalação bonita no papel, é receita para uma eliminação.

Problemas de escalação à parte, lá se foram 16 partidas no Brasileirão, uma partida pela Copa do Brasil, e o time de Enderson ainda não possui um padrão de jogo. O Fluminense tem suado sangue pra vencer qualquer equipe, seja de primeiro escalão, seja de série B. Que os desfalques e reforços recém-chegados tenham causado alterações sensíveis e consequentemente alguma dificuldade de acerto na frente, até entendo. Mas a falta de consistência defensiva não dá para engolir. Quando o melhor jogador do seu time é o goleiro, é sinal de que o sistema defensivo não está funcionando bem.

Renato, por exemplo, entrou no lugar de Wellington Silva, e se mandou de mala e cuia para o ataque, se esquecendo de recompor a defesa e deixando assim uma avenida para João Lucas e Aylon explorar. É bem verdade que o posicionamento de Cícero, distante da área, força nosso lateral a avançar, no afã de dar alguma ofensividade ao setor direito de ataque. Problema que era sanado no início do ano com Kenedy, e depois com Gerson, que também se posiciona como ponta, porém com menor profundidade. Ter um jogador agudo pelo lado do campo permite que o lateral se mande somente na boa.

O golaço de Renato o salvou de uma atuação defensiva muito ruim. Acho que ontem ficou claro o difícil papel que é atribuído ao Wellington Silva, de apoiar e defender com a mesma intensidade e que, à exceção dos cruzamentos sem direção, ele vem fazendo bem, se firmando como o 2º maior ladrão de bolas do time e como peça sempre presente no ataque.

O Fluminense agora enfrentará uma prova de fogo: jogar no esquema quarta-domingo com um elenco que anda dando sinais de desgaste. É Fred saindo no intervalo para se poupar de uma pubalgia, é Ronaldinho saindo de maca, Osvaldo às voltas com lesões musculares, Cavalieri com lombalgia, etc. Teremos pique para enfrentar a maratona? Se faltar pique e continuar faltando padrão de jogo, as vitórias, se surgirem, continuarão sendo assim: achadas, no grito.

E quando você acha vitórias, em vez de construí-las, você entra num jogo de azar. Metade de chance de dar certo, metade de chance de dar errado.

Enderson, quando a bolinha da roleta não parar mais onde deve, o que vai sobrar para respaldar seu trabalho? Treinador se apoia em duas colunas: resultado e bom futebol. Dos dois fatores, o menos controlável é o resultado. Cuidado.

TIRO LIVRE:

- Atuação magistral de Júlio César. Evitou uma derrota e impediu que ficasse ainda mais cristalino o jogo coletivo superior do Paysandu. Mostrou reflexo, boa saída do gol, elasticidade e boa reposição de bola. Se tiver uma sequência de jogos e mantiver esse nível de atuação, disputa posição com Cavalieri.

- Não estamos dando ritmo de jogo a Ronaldinho contra babas do estadual. Estamos dando ritmo de jogo a ele em um Brasileirão no qual ainda disputamos título e numa Copa do Brasil que é disputada em alta rotação. Vale a pena o risco de sacrificar os resultados em prol do seu "lampejobol" ou é preferível dar mais espaço aos jovens enquanto ele recupera o condicionamento físico? Robert, Higor e Lucas Gomes também precisam ganhar mais ritmo de jogo.

- Enderson, testa o Ayrton na lateral esquerda, e caso ele demonstre qualidade, desloque o Scarpa para o meio. Não está dando para abrir mão de seu talento na criação.

- Por que o nosso scout cegueta acha Renato e não acha o Yago Pikachu? Como joga a criança! Meteu a bola com a mão na cobrança de falta (que não existiu). É artilheiro da equipe e um dos líderes de assistências da série B.

- Na próxima quinta-feira (dia 27), às 16:30h, o Fluminense disputa a partida de ida da final do campeonato brasileiro sub-20, contra o Vitória, em pleno Maracanã. A excelente notícia é que a entrada será franca. Apesar do horário, quem puder prestigiar essa molecada talentosa, tem tudo para sair recompensado. Cada vez mais Xerém é um ativo que nos impede de ficar para trás nessa corrida desigual instituída pelas cotas de televisão.


Autor: Bruno Leonardo

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