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Walter mais uma vez foi destaque negativo da equipe e vive jejum de gols (Foto: Yahoo Esportes) |
Na rodada anterior, assim que terminou a partida contra o
Bonsucesso, em meio à empolgação geral com mais uma boa atuação do casal
sub-20, eu saí emputecido com a arbitragem do Sr. Alexandre Tavares de Jesus. O
Fluminense estava passando o trator no Bonsucesso, impondo um 3x0 em 16
minutos, e a partir daí o soprador de apito mequetrefe tratou de picotar o
jogo, marcar todas as divididas de bola como falta contra o Flu e distribuir
cartões. Deixamos de ter um jogo. Foram sete amarelos e um vermelho, sugerindo,
para quem não assistiu, um jogo muito mais pegado do que realmente foi. Saímos
do jogo com prejuízo triplo: perdemos Kenedy e Giovanni por dores musculares e
Fred pelo 3º cartão.
Olhei para a tabela e vi que o próximo adversário era o
Macaé. Não gostei. Não se tratava de medo, mas consciência sobre dois aspectos envolvendo
este jogo: 1) Nem todo time pequeno é igual e, portanto, não impõe o mesmo
nível de dificuldade. O Macaé está na briga por um lugar no G4 e é duro de bater no Moacyrzão (permanece invicto lá, com o resultado de ontem); 2) O Fluminense atual é um time na conta do chá: temos um
bom time titular (não espetacular), que cai sensivelmente de produção se perder
uma ou duas peças. A bem da verdade perdemos 4, porque além dos citados acima,
perdemos Henrique, que para mim não conta.
E, amigos, perdemos um titular onde a reposição é mais
precária. Se Fred não joga, ficamos presos a uma escolha de Sofia: ou vamos de
Walter Rolha de Poço ou com o imprevisível Michael, que não consegue emplacar
uma sequência de partidas. As dificuldades para a montagem da equipe eram
naturais. É aí que entra em cena um fator que trata de complicar ainda mais as
coisas: Cristóvão.
Nosso treinador passou a semana testando Guilherme Santos na
lateral esquerda. Na hora de definir o grupo que viajaria para Macaé, barrou Guilherme
e optou por levar Fernando. Fico pensando se esse tipo de atitude não faz um
técnico perder pouco a pouco o respeito do grupo.
Mas, enfim, a incoerência não
terminou aí. Na rodada anterior, durante a coletiva pós-jogo contra o
Bonsucesso, Cristóvão havia alfinetado Walter. Quando perguntado sobre a aparente falta de motivação do atacante, saiu-se com essa: “Futebol é coisa de adulto. Quando é um comportamento pessoal, quem tem problema que se resolva. Temos que fazer o melhor para o Fluminense. Existem umas coisas que fica difícil eu falar. Algumas perguntas têm que ser feitas a ele. Precisaria que ele falasse também”. E aí
resolve escalar Walter como titular para o jogo seguinte. Para o lado direito
do ataque, optou pelo fraco Marcos Júnior, quando o jogador que teve maior
sequência de partidas pelo setor era Lucas Gomes. O critério para ter escalado
MJ? Não faço ideia. Semana de treinos? Fomos para o jogo munidos de um atacante
com sobrepeso que não marca um gol em partidas oficiais desde maio do ano passado
e outro que era reserva no rebaixado Vitória.
O resultado foi um time que deteve maior posse de bola, mas
sem nenhuma agressividade. Desafio o leitor a se lembrar de alguma defesa difícil
praticada pelo Ricardo Berna. As duas melhores chances do Fluminense ocorreram
em chutes de Wellington Silva (1º
tempo) e Walter (2º tempo) que foram travados pela defesa adversária. Foi uma
partida em que pouca coisa funcionou. Pelo setor esquerdo Fernando estava
perdido com as investidas alternadas de Pipico e Fernando Santos, e nada
produziu no ataque. Wagner (assim como Jean) que deveria ter assumido o comando
da criação, fez partida burocrática, evitou jogadas individuais e errou tudo
nas poucas vezes que se arriscou. Gerson não esteve em boa jornada, jogando
afastado da área e muitas das vezes assumindo um posicionamento de 2º volante
ou terceiro homem. É uma joia, tem inegável qualidade técnica, mas quem vê nele
um um diamante lapidado, como disse Fred, está se precipitando. Ainda vejo no
jovem de 17 anos um jogador mais inclinado a viver de incríveis lampejos do que
um jogador pronto para dar volume de jogo à equipe. Não há nada de errado com o
garoto. Errado é depositar sobre ele expectativas exageradas. Precisamos de
alternativas para a criação. A alternativa para Gerson é Vinicius, que é ainda mais
tímido para comandar o meio, e pior, sem dispor do brilho individual da promessa de Xerém.
A verdade é que bastaram
3 desfalques para não sermos capazes sequer de botar pressão sobre o Macaé, o
que traz apreensão para nosso horizonte no campeonato brasileiro. Amigos, o
Fluminense não tropeçou ontem, foi vencido por uma equipe que jogou melhor. Se
o Macaé não encurralou o Fluminense, até porque deu campo para o Flu se enrolar
sozinho, produziu as melhores chances do jogo e sequer teve seu sistema
defensivo ameaçado. Bastou ter um cobrador de falta para que definissem o jogo.
A falta que originou o lance não existiu. Assim como um toque de braço
assinalado a nosso favor que também não existiu. Está aí a diferença: houve
erros para os dois lados. Quem tinha cobrador de falta, aproveitou. O
Fluminense, como elenco muito mais, caro, não tem.
Por fim, dois recados.
O primeiro vai para
a dupla Mário Bittencourt e Cristóvão: vou atribuir aos dois os créditos pelo
pacote de início de ano, que trouxe ao todo 7 jogadores. Já chama a atenção que
de todos, apenas um se firmou como titular. Mas o pior é que os outros 6 sequer
estão sendo bons reservas. Quem realiza um pacote de 7 contratações almeja no
mínimo que eles ajudem a compor elenco. E nem para isso estão servindo. É
difícil fazer omeletes sem ovos e montar um time forte sem dinheiro. Então
vamos jogar limpo? Sem essa que as contratações foram criteriosas e baseadas em
scouts. Garimpar sem grana é muito complicado. Numa dessas surgiu o excelente Edson,
o bom Guilherme Mattis, mas não será sempre que apostas em jogadores baratos
vão vingar. Vamos assumir que os tempos são difíceis, sem iludir a galera. Bittencourt,
você impôs como condição para continuar na vice-presidência de futebol a
permanência de Cristóvão no cargo de treinador. Agora se vê numa sinuca de
bico: se demitir Cristóvão vai dar uma demonstração muito clara de falta de
lealdade. Se mantiver o Professor Pardal vai assumir o risco de contar com um treinador confuso,
sem repertório, que faz leitura de jogo equivocada e por isso mesmo substitui
mal. Vai por onde, Bittencourt?
O segundo recado
vai para o Walter: honre sua profissão. Não sei se sua dificuldade para entrar
no peso é devido a algum problema metabólico ou se é emocional. Antes de tudo,
vá se tratar, procurar ajuda profissional, para o seu próprio bem-estar. Mas
não entre em campo com este sobrepeso que te impede de jogar decentemente. A
continuar dessa forma, você estará ganhando do Fluminense um dinheiro roubado.
E passará um recado muito negativo aos mais jovens: que não é preciso ter profissionalismo
e esmero com a própria condição física para jogar. Basta ter algum nome.
Comparo você a uma bijuteria bem feita. De longe, engana o incauto que vê o
brilho e pensa se tratar de uma joia. De perto, se vê que o material é de
segunda categoria. Virar joia só depende de você.
Bruno Leonardo
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