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Elenco tricolor precisará arrancar a classificação sem sua maior liderança em campo (Foto: Nelson Perez/ Divulgação FFC) |
“As declarações de Fred põem a lisura do campeonato carioca em xeque”.
Foi com esta frase que o auditor
Gustavo Furquim, do TJD-RJ, justificou seu voto, favorável à punição de
duas partidas, com detração, para Fred, acompanhando o voto do relator Fábio
Lira da Silva.
É curioso que os auditores do "egrégio" tribunal ainda estejam preocupados em proteger a imagem desta
competição, como se alguém de boa fé e capacidade mínima de interligar os fatos
ainda acreditasse na lisura da mesma.
Nem mesmo o maior aliado (e
mentor) da atual gestão da FERJ, o decrépito Eurico Miranda, acredita nela.
“Há
muitos anos existe sempre um beneficiado em jogos decisivos. No grito, na
coação, no embuste, na mentira....NÃO!!!!”, disse através de uma curta nota
oficial, o mandatário do clube cruzmaltino.
A
insinuação de favorecimento sistemático ao Flamengo valeu denúncia?
Que nada. Nas palavras do procurador do TJD-RJ,
André Valentim, não passou de um desabafo: “Entendo
mais como uma pressão. Não vi nada de agressivo, muito pelo contrário. Não cabe
denúncia”.
A
procuradoria do "ilibado" tribunal também não deve ter visto nada de agressivo
nas 4 expulsões do jogo disputado entre Flamengo e Vasco (aquele do aguaceiro),
disputado em 22/03, cujo julgamento foi adiado e remarcado para 28/04 (!!!). O
motivo do adiamento? Divergências em relação à súmula redigida pelo árbitro,
que descreve
um "soco no queixo" de Anderson Pico em Bernardo, "peitada"
de Bernardo em Paulinho e "um tapa no peito" de Guiñazu em Anderson
Pico.
O
adiamento do julgamento deve ter sido assimilado pelos
jogadores de ambos os clubes como uma carta branca para que
transformassem o campo do Maracanã em um octógono de UFC na 1ª partida da
semifinal. Sabiam que se houvesse qualquer problema, a procuradoria estaria aí
para invalidar a súmula do árbitro e remarcar o julgamento para uma data
distante, mais de trinta dias depois.
Quando o
julgamento referente à partida válida ainda pela Taça Guanabara ocorrer,
estaremos entre o 1º e o 2º jogo da final. Aí qualquer pedido de efeito
suspensivo, uma vez concedido, pode garantir a impunidade total. O campeonato
terá terminado sem que tenham cumprido suspensão.
A pressa
para condenar existe mesmo quando a situação envolve o Fluminense e,
especialmente, Fred. Somente dez dias separaram as declarações de Fred sobre a
arbitragem do campeonato carioca e seu respectivo julgamento. Algumas das
opiniões proferidas pelos auditores ao longo do julgamento demonstram o caráter
midiático do evento. Vamos a elas.
"É
um atleta de ponta, o melhor atacante do Brasil atualmente", disse o
relator Fábio Lira da Silva.
"O
Carioca sem o Fred em campo não vai ter o mesmo brilho”, disse também o relator.
“As
palavras desse atleta têm influência grande nos torcedores", argumentou o
auditor Gustavo Furquim.
“Fred tem
que saber que as palavras dele provocam várias reações. Boas e ruins",
ponderou o presidente do tribunal Otacílio de Araújo Neto.
As frases
dos auditores sugerem claramente que Fred desfruta da condição de ídolo e
estrela do campeonato. Que suas declarações têm grande peso e repercutem tanto
na mídia quanto entre seus torcedores.
Mas o
artigo 258, no qual o ídolo tricolor foi enquadrado, não leva em consideração o
status profissional e o alcance midiático do atleta. Fala tão somente em “em
atitude desrespeitosa e contrária à ética desportiva”. Claramente o foco da
condenação não foi a suposta infração cometida por Fred em si mas o tanto que
as declarações do centroavante do Fluminense agregam à desconfiança geral que
paira sobre o Euricão 2015.
Fato é
que Fred está fora de um jogo decisivo. A missão foi bem planejada e executada.
Primeiro se garfa o Fluminense com um arbitragem muquirana, tirando seu jogador
mais importante de um clássico, suscita-se a revolta, que é manifestada pelo
jogador, e em seguida colhe-se o vídeo que servirá como prova para sua futura
condenação. Depois é só contar com a parcialidade cada vez mais evidente de uma
mídia que chorou pitangas com a condenação de Luxemburgo, mas abordará a
punição aplicada a Fred com frieza e distanciamento.
Em certas
rádios cariocas, o discurso em apoio à federação é constrangedor. Está tudo em
casa. Já teve até taça com nome de famoso locutor, aquele que é o garotão da
galera.
Resta uma
curiosidade: veremos os jogadores do Flamengo tapando a boca em solidariedade
ao Fred, quando entrarem em campo? Que nada. Devem é estar se lamentando pela
possibilidade de enfrentar o camisa 9 na final.
A lisura
deste campeonato incrível, o melhor do país, segundo a própria entidade que o
“organiza”, ganhou novo episódio com a transferência do local do segundo jogo
entre Botafogo e Fluminense do Maracanã para um Engenhão em obras, e que não
será capaz de abrigar nem 25 mil torcedores. Os ingressos estarão situados
entre 60 e 100 reais. Vale registrar que esses valores foram definidos na
última reunião do Arbitral, o mesmo que no início do campeonato instituiu a
meia entrada universal contra a “elitização do futebol” e visando,
supostamente, o incremento da média de público.
Bem se vê
que colocando o jogo em um estádio em obras e com esses preços “módicos”, o
objetivo será plenamente alcançado.
Menos mal
que a diretoria tricolor resolveu garantir aos sócios descontos nos ingressos
para esta partida, descontando esse custeio da sua própria renda. É mais um
incentivo para que a torcida compareça e ajude o time a garantir essa
classificação na marra, no gogó, contra esse conluio miserável. Que a
classificação venha sem Fred mesmo, e com gol do João Filipe, que é pra ficar
mais zoeiro ainda.
Os
futuros livros sobre futebol hão de relacionar o que aconteceu neste carioqueta
com o 7x1 que tomamos na Copa. E a meu ver, a coisa pode ser resumida da
seguinte forma: eles têm a Bundesliga. Nós temos algo parecido com um
campeonato: a Rubensliga. Um campeonato tão feio que começou com invasão de
vestiário e agressão a jogadores, em Macaé. O Fluminense precisa salvar esse
enredo tenebroso, conquistando a taça dessa várzea. Só para ter o prazer de
jogá-la fora depois. Só não vale dizer que conquistou a Champions. Isso é coisa
de clube pequeno.
Por Bruno
Leonardo
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