Tudo bem

— Oi, pai, tudo bem?

— Tudo, filho. Que cara é essa?

— Nada não.

— Te conheço, o que você quer?

— É que...

— Ih, lá vem.

— Tirei zero numa prova da faculdade, pai.

— Zero? Como isso aconteceu?

— Também não sei, acho que estava abatido.

— Abatido com o quê?

— Com o carro amassado.

— Oi?!

— É, o carro amassou depois que eu atropelei de leve uma senhora.

— Como é que é? Você quer me explicar como é que isso aconteceu?

— Ah, pai, longa história.

— Então encurta.

— É que eu tava tenso pra prova e bebi um vinho antes. Aí fiz essas besteiras todas.

— Vinho? Ah, filhão. Pô, que alívio. Normal, você está na idade de ficar bêbado mesmo, relaxa. 

— Valeu, paizão. Você é o melhor. Achei que ia apanhar de cinto, morri de medo!

— Imagina, quem toma vinho faz de tudo, eu sei. Depois pede desculpas pra mulher que fica tudo bem.

— Nem me fala. Tinha que ver, eu estava loucaço, até cantei música do Flamengo, acredita?

— Hein?! Música do Flamengo?

O pai tirou o cinto e o resto virou história.