Imagem: Nelson Perez/Fluminense F.C |
Após a vitória contra o Tigres, na semana passada,
desenhava-se uma difícil sequência para o Fluminense. Jogo de vida ou morte na
Primeira Liga contra o Cruzeiro, no Mineirão, e clássicos contra Flamengo e
Botafogo pelo possante Cariocão, tudo isso em apenas uma semana. Os confrontos
que serviriam como divisor de águas, até agora, deixaram ainda mais dúvidas
para a torcida.
Isso porque a equipe de Eduardo Baptista beirou os dois
extremos diante de Cruzeiro e Flamengo. Se a atuação em Belo Horizonte foi a
melhor da temporada e empolgou os torcedores, o que se viu em Brasília contra o
arquirrival foi um time apático, pouquíssimo inspirado. Depois de ótimos quinze
minutos que anunciavam mais uma bela apresentação, o Fluminense se abateu com o
gol marcado por Willian Arão e jamais foi o mesmo, inclusive com um a mais em
campo.
No Fla-Flu, o treinador promoveu as entradas de Renato
Chaves e Léo Pelé nos lugares de Marlon e Giovanni. Decisões corretas, a meu
ver, tendo em vista que o zagueiro e o lateral vinham destoando do restante da
equipe. O erro de Eduardo foi na escolha de quem sairia para a volta de Fred. A ausência de Douglas, que havia dado dinâmica e fluência na troca de passes no
Mineirão, matou a saída de bola do time e prejudicou a criatividade do
meio-campo.
Faltou também o que havia sobrado nos primeiros jogos de
2016: poder ofensivo. Diego Souza, responsável direto por sete dos oito gols
contra Tigres e Cruzeiro, esteve apagado no clássico. Sua movimentação e
parceria com os outros nomes da frente andaram em falta no Mané Garrincha, e
esse foi um dos motivos para a baixa produção de jogadas. Sem um Diego
inspirado para municiá-lo, Fred foi pouco acionado durante o jogo, e não foi
feliz nas tentativas de recuar para participar da criação.
Sem segurança para trocar passes em busca de uma brecha
na defesa, o Fluminense abusou das bolas longas para seu artilheiro, jogada
facilmente neutralizada pelos zagueiros altos do adversário. Na única que
chegou no capitão, ele tentou dominar no peito e foi desarmado por César
Martins, soberbo na partida e o melhor em campo. Foi exatamente o oposto do que
se viu contra o Cruzeiro. Na Primeira Liga, o time não apelava para o chutão em
nenhum momento, e o objetivo era envolver através do toque de bola.
O que se viu depois do gol de Arão foi um flagrante
domínio do rival. Não fosse Cavalieri – que se redimiu da falha com duas ótimas
defesas – e as equipes iriam para o intervalo com o jogo já decidido a favor do
Fla. O camisa 10 tricolor chegou a dar “graças a Deus” pelo fim da primeira
etapa. Porém, a conversa de vestiário e a entrada de Douglas no lugar de Léo de
nada adiantaram, pois, logo com dois minutos, Guerrero se antecipou a Henrique e
cabeceou firme para dobrar a vantagem.
Dê a Muricy Ramalho uma vantagem no placar e sofra para
correr atrás. É assim que funciona com o treinador que comandou o Flu
tricampeão brasileiro de 2010. Naquele campeonato, o time se notabilizava por
abrir o placar e administrar muito bem o resultado, tendo um sólido sistema
defensivo como principal virtude, e foi isso que se viu na vitória do Flamengo.
Nem mesmo as inexplicáveis expulsões de Marcos Júnior e Cuéllar, após confusão
generalizada, modificaram o panorama. Os comandados de Baptista pouco criavam
até Gustavo Scarpa marcar um golaço, já no fim.
O golaço de falta – primeiro do Fluminense em muito tempo
– premiou o melhor tricolor da segunda etapa. Deslocado para a lateral-esquerda,
Scarpa pouco teve com o que se preocupar na defesa e aproveitou para explorar o
corredor. Dos pés dele surgiam as únicas jogadas trabalhadas do Time de
Guerreiros, que melhorou com as entradas de Osvaldo e Gerson. Porém, a reação
parou por aí. Esperava-se uma pressão incessante após Wallace ser expulso e o
Flamengo ficar com 9 em campo, mas não havia tempo para mais nada.
Ao juntar os dois tempos, Paulo Victor ficou
aproximadamente uma hora sem fazer uma defesa sequer. Inaceitável se levarmos
em conta que era o Fluminense quem deveria atacar mais. Douglas não pode, em
hipótese alguma, ser reserva desse time. Pierre é importante na marcação, mas
não é capaz de dar passes mais longos. Cícero - responsável
pela saída de bola na reta final de 2015 - ainda está tímido em 2016 e pouco contribui nesse quesito.
Um dos dois precisa dar lugar à revelação de Xerém, que pede passagem para
integrar o 11 inicial.
No mais, Eduardo Baptista deve seguir sua filosofia de
trabalho e continuar testando diferentes formações nesse início de temporada
para achar a equipe ideal. Sim, mesmo que muitos esqueçam, ainda estamos em
início de temporada. Contra o Botafogo, uma vitória convincente é essencial
para diminuir os rumores de pressão em cima do técnico e dar maior
tranquilidade ao Flu na classificação do Grupo A da Rubensliga. Fica a expectativa
para que as próximas atuações nos mostrem muito do Fluminense de quarta-feira, quase
nada do Fluminense de domingo.
cara vc viu o jogo, já o nosso tecnico... abs
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