Imagem: Nelson Perez/Fluminense FC
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Os meias canhotos marcam a história recente do
Fluminense. Cícero, Thiago Neves, Conca, Marquinho, Wagner, todos esses tiveram
alguma importância – maior ou menor – nas conquistas e boas campanhas do clube
nos últimos dez anos. E Gustavo Scarpa já desponta como novo nome dessa
linhagem de sucesso, com um detalhe: é o único dos citados a ter passado pelas
categorias de base de Xerém. Contratado para os juniores após a Copa São Paulo
de 2012, disputou torneios sub-20, foi emprestado, voltou, recebeu chances no
time principal e não saiu mais.
Scarpa sempre ocupou a posição de “camisa 10” até chegar
aos profissionais, mas foi preciso se deslocar para os extremos do campo com o intuito
de jogar com mais frequência. A cada partida, impressiona a regularidade que o
atleta apresenta, bem como sua capacidade de realizar várias funções e se
adequar rapidamente a novas demandas do treinador. Na vitória de sábado contra
o Madureira por 3 a 1, mais um jogo que “Chutavinho” colocou no bolso e decidiu
para o Flu.
É difícil determinar quem seja mais importante no atual
time de Levir Culpi, uma vez que todos têm sua parcela de contribuição para que
o futebol da equipe esteja fluindo. Porém, desde quando Enderson era o
comandante, Scarpa aparece como o jogador que mais participa das ações da
partida, com ou sem a bola. Em 2015, jogava apenas pelo lado esquerdo do campo,
e destacava-se como responsável por quase todas as jogadas construídas no
ataque. Para 2016, Eduardo Baptista projetou um novo Scarpa, e Levir aprimorou
a ideia que potencializa seu talento e o transforma em um jogador ainda mais completo.
Muitos contestaram a
mudança do camisa 40 para o lado direito no início da temporada, e de fato seu
desempenho caiu nos primeiros jogos com o novo posicionamento. No entanto, não
demorou para o homem do bigode mais carismático do Brasil voltar à boa fase. O
segredo para o sucesso está na constante movimentação, isto é, apesar de
iniciar o jogo como meia pela direita, o jogador flutua pelo campo e dá a
impressão de estar em todos os lugares ao mesmo tempo.
Até alguns jogos atrás,
ainda era normal ler comentários como "Scarpa está rendendo abaixo do que
pode". A explicação para esse questionamento está, justamente, no fato de
o jogador desempenhar um novo papel dentro do sistema de jogo da equipe. Se em
2015 ele aparecia a todo momento com a bola no pé, a temporada atual lhe
encarregou de atribuições "invisíveis", além das que já cumpria com
louvor e reconhecimento da torcida. Futebol é um jogo de ocupação de espaços, e
ninguém faz isso melhor do que Scarpa no elenco atual do Fluminense.
O duelo com o Madureira
recompensou tamanha dedicação e obediência tática com gol e assistência. Já são
quatro bolas na rede e cinco passes para gol em 16 partidas no ano, o que lhe
confere uma média superior a uma participação em gol a cada dois jogos. Ótimo
número. Como se já não bastasse a influência que exerce com a bola rolando, o
meia agora aparece como solução para o velho problema das faltas. Contra
Flamengo e Madureira, duas cobranças indefensáveis, como há muito não se via no
Tricolor. Em um time que Fred é o líder natural por diversos aspectos, é Scarpa
quem dita o ritmo.
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