Imagem: Mailson Santana / Fluminense FC |
Mais uma rodada se passou e fomos premiados com outra partida melancólica do Fluminense. E não me refiro apenas ao 0 a 0 em si, no qual o time até teve boas chances de sair com a vitória, mas esbarrou no velho problema das finalizações e na ótima atuação de Wilson. A análise é do conjunto de fatores que leva um grande clube ao ridículo número de 917 pagantes em um jogo de Série A do Brasileirão. Ignorar ou relativizar esse choque de realidade é aceitar a "botafoguização" tricolor.
A diretoria é uma das agentes do processo. E, em ano de eleição, vale abrir parêntese para pontuar que esse comentário não tem nenhum cunho político. Fecha parêntese. Sabia-se desde o começo do ano que, salvo acontecimento fora da curva, os públicos em Volta Redonda tendiam a ser medíocres pelo resto da temporada. A escolha foi por reformar o Giulite Coutinho e exercer os mandos de campo no estádio do America. Com conclusão de obras prevista para meados de junho, já chegamos a julho e a utilização do local segue em compasso de espera. O resultado é o modesto aproveitamento de 50% nos ditos jogos em casa.
Mas a própria torcida também tem culpa no cartório. É muito fácil apontar o dedo para todos os defeitos e não olhar para o próprio umbigo. É muito fácil cantar "Há tantos anos juntos na vitória ou na derrota" e bradar aos quatro ventos "Nas boas te apoio, nas más te amo" para, no primeiro obstáculo, deixar esses mantras apenas na teoria. É muito fácil cobrar raça e total determinação dos jogadores - por mais que não falte - sem fazer o mínimo sacrifício para ajudar o Fluminense. Não dá para observar o momento atual e simplesmente dar de ombros para o descaso mútuo que toma conta de Laranjeiras.
Evidente que a
ausência do Maracanã contribui decisivamente nas médias de comparecimento cada
vez mais baixas, mas não é de hoje que a torcida deixa a desejar no quesito.
Desde a reabertura do Maracanã, o estádio esteve lotado de tricolores apenas
contra o Vitória, em 2014, e contra o Vasco, em 2015. E as circunstâncias eram
mais do que especiais: no primeiro, houve promoção nos ingressos e o time
liderava o campeonato; no segundo, havia a esperada apresentação de Ronaldinho
Gaúcho e uma vitória colocaria a equipe em primeiro lugar.
Muito estranho, também, o
abandono do torcedor local de Volta Redonda. Não faz tanto tempo que o Raulino
era tido como amuleto tricolor. O estádio nem sempre estava cheio, porém era
raro ver menos de cinco mil presentes em torneios de grande importância, o que
configurava para o Fluminense uma vantagem, quando lá jogava, contra qualquer time.
Jogos épicos contra Atlético-GO e Santos tiveram a vital participação do 12º
jogador. Esse cenário não existe mais.
Traçado o triste panorama de
abandono e voltando às quatro linhas, não me parece correto eximir Levir Culpi
das críticas. O elenco não é dos melhores, mas está longe, muito longe, de ser
tão ruim como dizem. O treinador pode e deve melhorar o desempenho do time que
tem em mãos. Tirar Dudu no começo do segundo tempo contra o Coritiba foi uma
decisão pouco inteligente, para dizer o mínimo. O meia havia finalizado com
perigo e criado boas oportunidades quando esteve em campo. Sem alguém para
dialogar, Scarpa ficou perdido.
Outra opção extremamente contestável
é manter Magno Alves entre os titulares por diversas partidas seguidas. Já
escrevi neste blog que o atacante, mesmo aos 40 anos, ainda pode ser bem útil
ao elenco. E para por aí. O veterano não apresenta mais condições para ser fixo
no 11 inicial de uma equipe de primeira divisão. Com a chegada de Henrique
Ceifador, deve-se amenizar essa situação. Outra problemática que parece estar
com os dias contados é a de Cícero como meia avançado. A tão pedida formação
com o camisa 7 e Douglas na dupla de volantes está próxima de ser concretizada.
Na direção certa e com tempo para trabalhar, Levir precisa conduzir o Fluminense e
sua torcida a dias melhores.
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