Imagem: Nelson Perez / Fluminense FC |
Pegue qualquer time da parte
de cima da tabela – que ainda sonhe com coisas grandes no Brasileirão – e coloque
para enfrentar, em casa, um adversário frágil, limitado, que trava intensa luta contra o
rebaixamento desde o início do campeonato. Em 99% dos casos, espera-se uma
vitória tranquila da equipe superior.
E as expectativas geralmente
são confirmadas. Aquele 2 a 0 sem sustos, que representa a superioridade e o
domínio vistos em campo. Mas o Fluminense de Levir não é qualquer um.
O torcedor tem a certeza, desde antes da partida, de que não será fácil. Caso venha o resultado positivo, vai ser no sufoco, no detalhe, por uma diferença mínima. E é prejudicial ao clube que isso seja justificado pela lógica do “Se não é sofrido, não é Fluminense”.
Deveria ser obrigação
controlar as ações contra um adversário fraquíssimo, ainda mais em se tratando
de um jogo dentro de casa. Mesmo que os três pontos viessem, o sufoco sofrido
no 2º tempo, por si só, representa a derrota de um treinador ultrapassado, que
não almeja mais nada no futebol.
Prestes a completar oito
meses no comando da equipe, Levir apresentou um interessante modelo de jogo
contra as potências do Campeonato Carioca e parou por aí, salvo raríssimas
exceções no Brasileirão e na Copa do Brasil. Um time ajustado coletivamente na
defesa – que peca por erros individuais – e que não apresenta nenhum,
absolutamente nenhum, padrão de jogo ofensivo.
Coitado de Gustavo Scarpa,
que se vê obrigado a tomar, quase sozinho, as rédeas da criação no terço final,
pois o treinador é incapaz de pôr em prática qualquer ideia relacionada a esse
aspecto.
A oscilação normal para quem
enfrenta essa situação e ainda é muito jovem torna-se prato cheio para opiniões
superficiais. “Tá com a cabeça na Europa”, “jogador de rede social”, dizem
alguns. Tudo para isentar de culpas o técnico medalhão tão solicitado quando
lincharam uma ótima aposta de longo prazo por conta de um mês de temporada.
O argumento de que o elenco
é fraco – não é – perde qualquer força ao olhar rapidamente para a
classificação do campeonato. Ou alguém, em sã consciência, acredita que o
Botafogo é recheado de craques e possui jogadores superiores aos que temos?
Em 2016, com ideias tão
avançadas de futebol sendo dissipadas aos quatro cantos, não faltam exemplos de
comandantes que extraem o máximo de seus atletas, independente do nível, e
formam equipes competitivas, capazes de fazer frente a qualquer adversário e dominar
os que ficaram para trás.
Todo time tem seus dias
ruins durante o ano. O problema é quando se torna regra e não exceção. A
sequência era ótima para o Fluminense deslanchar e se aproximar de uma vaga
para a Libertadores.
Como resultados, o torcedor recebeu
uma merecida derrota em casa para o pior São Paulo dos últimos anos, um empate
com um a mais diante de um medíocre Coritiba e outro tropeço em casa contra um
dos mais fracos do Brasileirão. Sintomático.
As chances agora são
meramente matemáticas. Caso houvesse diálogo entre as chapas concorrentes, era
o momento para já decidirem o melhor para o futebol do clube em 2017. O nome de
Roger Machado, discutido nos bastidores, é o que mais agrada entre as opções do
mercado.
Mas não adianta colocar no
comando um treinador promissor, que demande paciência com os resultados a curto
e médio prazo, e já pedir sua cabeça exposta em praça pública no primeiro
momento de instabilidade. Porque aí se repetirá o ciclo do resultadismo visto
em 2016 e em diversos outros anos, que parece fadado à eternidade no
Fluminense.
Como esse cenário é utópico,
a decisão mais racional para agora é encerrar o vínculo com Levir e deixar que
Marcão assuma o grupo até o fim da temporada. Para 2017, independente do
candidato eleito, esperamos uma gestão que acompanhe a modernidade das
instalações do CT na hora de administrar o futebol.
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