Mercado de transferências parado, time profissional ainda de férias... vamos falar de passado então. No ano de 2014, completam-se 100 anos da cisão que houve no America Football Club, do Rio de Janeiro, onde vários sócios e jogadores divergiram de decisões da diretoria e resolveram sair do clube e buscar um outro. Algo semelhante ao que aconteceu no Fluminense anos antes, no fim de 1911, que deu origem ao futebol do Clube de Regatas do Flamengo. Mas o que essa cisão no América tem a ver com o Fluminense? Muita coisa, que veremos a partir de agora.
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Marcos de Mendonça, goleiro oriundo do America na cisão de 1914. Foto: Wikipédia |
Nesta cisão do clube da rua Campos Sales, cerca de 12 ex-americanos filiaram-se ao Tricolor. Entre eles estavam excelentes jogadores que haviam sido campeões cariocas pelo America no ano anterior. Nomes como os irmãos Luiz, Henrique, Marcos e Fábio Carneiro de Mendonça, além de Carlos Alberto. Dentre esses se destacam Marcos Carneiro de Mendonça e Carlos Alberto, que são quem eu vou falar sobre hoje.
Mineiro, Marcos começou sua carreira no Haddock Lobo, mas passou a defender o América após a fusão entre os clubes. Ele chegou ao Fluminense muito jovem, tinha apenas 19 anos, e ficou conhecido como um ótimo goleiro e um dos primeiros ídolos do clube. Foi o goleiro da seleção brasileira na primeira partida de sua história, contra o Exeter City, justamente no campo do Fluminense, tendo seu primeiro gol sido marcado também por um tricolor: Oswaldo Gomes. Ele é, até hoje, o goleiro mais jovem a jogar pela seleção canarinho, onde foi titular por nove anos.
Como jogador, conquistou pelo América o campeonato carioca de 1913; pelo Fluminense o tricampeonato carioca em 1917-1918-1919; e pela seleção brasileira a Copa Roca de 1914 e os sul-americanos de 1919 e 1922.
Em sua trajetória pelo Fluminense, Marcos de Mendonça jogou 127 jogos e sofreu 164 gols. Aposentou-se jovem, em 1922. Após parar de jogar, trabalhou como historiador do clube e foi presidente da agremiação, tendo conquistado neste cargo dois campeonatos cariocas, em 1940 e 1941.
Já a história de Carlos Alberto é mais peculiar. Ele não ficou conhecido pelo seu futebol somente, e sim pelo o que fazia antes de entrar em campo. Negro, Carlos Alberto passava pó-de-arroz no rosto antes dos jogos para parecer branco. Então em um jogo contra o próprio América, quando ele entrou em campo, a torcida americana começou a gritar "pó-de-arroz, pó-de-arroz". Vale lembrar que desde os tempos do clube rubro, ele tinha esta prática, logo, isso não foi determinação do Fluminense, como alguns insistem em dizer. Este fato deu origem ao apelido de pó-de-arroz que é atribuído até hoje ao Fluminense. No início, os rivais nos chamavam dessa forma como uma zoação, mas a torcida "aderiu" isto e começou a jogar pó-de-arroz no campo quando o time entrava, fazendo lindas festas.
E pensar que uma crise no adversário nos daria um grande ídolo e o jogador responsável pelo grande apelido que carregamos até hoje... Saudações Tricolores!
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