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Imagem: Reprodução |
Após o primeiro capítulo da nossa série, aqui estamos novamente. Falamos de um momento triste e como prometido, chegou a hora de compensar com um momento mais do que histórico na vida do Fluminense: A arrancada de 2009, com o ápice sendo no Couto Pereira. Nessa semana, a colaboração no texto é da nossa querida, Patrícia Veríssimo, que escolheu a partida como a sua inesquecível. Embarque nessa, tricolor!
"06 de dezembro de 2009, estava fazendo ENEM, quando a aplicadora falou "tem algum flamenguista aí? vai começar o jogo do título agora." e eu obviamente lembrei do jogo do não rebaixamento, eu tinha certeza que o Fluminense não cairia, não ali, a torcida não merecia, os jogadores não mereciam, os rivais menos ainda. Saí do ENEM correndo, chutei umas 30 questões, estava chovendo, liguei para minha mãe "vem me buscar" "não posso" "ok mãe", sai correndo, rolei o morro, machuquei, sujei, cheguei em casa imunda e sangrando, "vai tomar banho agora patrícia" "o jogo é mais importante mãe, vou sentar no chão para não sujar seu sofá" desde o início da campanha de ressurgimento das cinzas criei alguns hábitos: só via os jogos sentados no mesmo lugar, com um terço na mão... nesse dia sentei no chão, bem em frente de onde sentaria no sofá normalmente, peguei meu terço e comecei a rezar, fiz uma promessa "1 ano sem chocolate e refrigerante".
O jogo começou, o sofrimento veio automaticamente, esmurrava o chão em cada ataque errado do Fluminense e em cada chance do Coxa. O Flu para não cair, já estava em uma situação um pouco tranquila: vitória ou empate, manteria o time na série A. O gol veio. Marquinhos, de falta. Que gol lindo! Sensacional. Que ótima sensação, escândalo, comemoramos como se fosse um título. Meu pai com os olhos cheio d'água "viu paty, falei que o flu não ia cair" Coxa empatou. Era casa do Coxa. "Inferno verde". Quando o jogo acabou veio o suspiro "fiquei na série A, a missão impossível taí, feita" Coloquei minha blusa do Flu e fui para a rua com meu pai comemorar. Fomos a um barzinho de um amigo botafoguense do meu pai, fechamos o bar e só entrava tricolor. Cantamos todas as músicas. Comemoramos feito loucos. "Comemorar não rebaixamento?" meu primo flamenguista me perguntou em uma mensagem. "Claro, a gente tinha 98% de chance de cair e não caímos, comemora seu título aí e me deixa aqui comemorando" Aí veio o desastre da torcida do Coxa, quebra quebra no estádio, pancadaria, torcedores machucados, estádio destruído. Um vexame, uma vergonha. Era centenário do Coxa... Fluminense sempre estragando o centenário alheio, né amigos flamenguistas?!
Daquele dia em diante eu vi que meu time era capaz de tudo, e fiquei 1 ano sem chocolate e sem refri, minha promessa deu tão certo que no ano seguinte o Flu se tornou tri-campeão! E vamos sempre em busca de mais um título, que são sempre muito bem vindos." - Patrícia Veríssimo
6 de dezembro de 2009. Seis. O número mais importante do Fluminense no ano. Pense comigo, caro torcedor. O dia em que surramos o impossível; O número de vitórias seguidas; O numeral da camisa de quem marcou o gol na casa do adversário daquele dia e nos salvou. Seis.
Foi um ano difícil, sofrido, dolorido. Abandonado pela gestão que comandava o clube na época, o Fluminense amargou por mais da metade do campeonato, a lanterna. Sucumbia a cada adversário, seja em casa, seja fora. Rumo a segunda divisão, da pior maneira possível: sem reagir. O destino parecia implacável para o tricolor. Parecia. Ao destino, ao impossível e ao óbvio: Muito prazer, me chamo Fluminense Football Club.
Antes de chegar no objetivo, vamos novamente com mais uma data. 29 de outubro de 2009. Para de ler, pensa. Maracanã, 15 mil, Fred, Conca, o início. No fundo, aquela vitória, inesperada, mas tão necessária, acendeu uma faísca da esperança no peito do torcedor, que viu um time que lutou o jogo todo pelos 3 pontos. Fluminense 2x1 Atlético-MG. Os primeiros gritos começavam a ecoar: "Guerreiros, guerreiros..."
Era cedo. Foi profético no final.
Cruzeiro, Palmeiras, Atlético-PR, Sport e Vitória. Mais cinco nocauteados. Com muita emoção, nervosismo, luta, honra, garra. Guerreiros. Aquele escudo voltou a brilhar. A torcida inflamou. Foi o mais belo conjunto visto na história do clube. Time, torcida e fé. Se um dia existir um momento de superação tão épico como esse, promovido pelo pioneiro do futebol no Brasil, me digam, me cobrem, me chamem. O Fluminense é detentor da melhor arrancada do futebol brasileiro.
Voltamos ao dia 6 de dezembro. Aquele estádio, transbordando gente de verde e branco, tentando nos amedrontar, provocar tensão e fazer da nossa vida um inferno. Eles tinham o mesmo objetivo que nós. Tiveram um final triste. Era o Fluminense no caminho. Nossa glória não pediu licença, nossa camisa não mediu seu peso. Superou tudo, derrubou metade do Paraná. Rebaixou o maior do estado. O Fluminense venceu. O Fluminense superou. O Fluminense, Fluminenseou.
Calou a mim, calou você, calou 99% do Brasil. 99%. Nossa chance de cair era essa. Ah, Fluminense, você... Tão Fluminense naquele dia, naquele momento, que dividiu as atenções com o campeão brasileiro da época, já citado na introdução pela nossa colaboradora tricolor.
Os gritos ecoaram. Se tornou bordão, se tornou lei na arquibancada. Rafael, Mariano, Gum, Digão, Dieguinho, Marquinho, Diogo, Diguinho, Equi, Conca, Alan, Maicon, Fred. Cuca. Sim, foram eles. Ecoou. Como é bom ser tricolor.
Lágrimas de alegria, lágrimas de alívio, lágrimas de missão cumprida. O Fluminense foi resgatado. O verde, branco e grená, somado ao suor da luta e da honra, é imbatível. Inquestionável.
Para encerrar, fiquem com esse vídeo que fala e resume perfeitamente o que foi aquela arrancada. Basta clicar aqui e seu orgulho em ser tricolor terá atualização imediata.
Ah, ei, espera. Você se lembra o que ocorreu no dia 5 de dezembro de 2010? Sim, vamos relembrar. No próximo capítulo...
Saudações tricolores!
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