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» » » » » FERJ, a cafetina do futebol carioca, é quem precisa dar explicações
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Fachada da sede da FERJ / Foto: (Marcelo Baltar / Globoesporte.com)


Um dos muitos episódios que marcaram o conflito estabelecido entre o Fluminense e a FERJ foi a exigência, por parte da última, de que o Fluminense exibisse o contrato que lhe garante o usufruto fixo das arquibancadas situadas do lado direito das cabines de rádio e tv, em que pese o absurdo de uma federação de futebol querer se intrometer numa relação comercial entre dois entes privados. No entanto, na condição de entidade que recolhe e administra dinheiro dos clubes filiados, é a própria Federação de Futebol do Rio de Janeiro que deve ao público a exibição de documentos que expliquem suas despesas.

As Demonstrações Financeiras de 2013 (as de 2014 ainda não estão disponíveis), publicadas no site oficial da FERJ (veja aqui) revelam receitas totais de R$ 16,5 milhões. Deste total, quase R$ 9 milhões provêm de “receitas de serviço”, R$ 4,7 milhões foram obtidos a título de “contratos de tv” e R$ 2,11 milhões em "contratos de publicidade", o que causa estranheza, uma vez que não consta que a federação tenha algum produto ou serviço a anunciar, e tampouco seja sua finalidade desempenhar serviços de publicidade. Surpreende também o tamanho do ativo imobilizado, calculado em R$ 19 milhões. Com que finalidade, e com quais recursos, a federação adquiriu este patrimônio?

O demonstrativo financeiro acusa despesas totais de 14 milhões, dos quais 7 milhões (50%) foram gastos a título de “despesas gerais”, sem qualquer detalhamento de como esse dinheiro foi gasto. Seria de bom tom, em nome da transparência de quem administra dinheiro alheio, que Rubens Lopes exibisse contratos, além de notas fiscais e de serviço, que explicassem a destinação dessa quantia, caso contrário a entidade reforçará o discurso de quem lança (e com justiça) suspeitas sobre a lisura da federação e seus dirigentes. Este não é, no entanto, o único dado estranho e que carece de esclarecimentos. O demonstrativo aponta dívida de R$ 3,65 milhões com o INSS, decorrente de contribuições não recolhidas sobre folha de pagamento de 2012 e sobre a renda de partidas disputadas em 2004, 2005 e 2006. A mesma federação tão zelosa na cobrança das suas taxas não demonstra a mesma presteza na hora de repassar tributos ao governo.

Página do demonstrativo financeiro da FERJ relativo ao exercício de 2013

No entanto, a falta de transparência da FERJ não se restringe ao pagamento de impostos e à clareza de suas despesas administrativas. Reportagem de O Globo, datada de 30 de janeiro deste ano, informava que o repasse aos clubes da venda de publicidade estática nos estádios (cerca de R$ 5 milhões) e da venda dos naming rights (outros R$ 5 milhões) do campeonato à empresa dona da marca de bebidas Guaravita ainda não havia sido efetuado.

Eis aí um material farto para o jornalismo da maior emissora de tv do país investigar e ajudar a inverter o jogo contra o despotismo do Sr Rubens Lopes. Sigam o dinheiro, descubram os amigos, as relações comerciais e políticas, a evolução patrimonial do presidente da entidade, e poderemos ter em pouco tenpo um formidável inquérito pesando sobre a cabeça do Rubinho, forçando-o a adotar um tom mais humilde. Não é possível que a Rede Globo não perceba que a qualidade do produto que ela transmite, o campeonato carioca, definha a cada ano e lhe proporciona audiências decadentes. A facilidade no trato com dirigentes de caráter suspeito na hora de negociar direitos de transmissão não deve estar mais compensando. Resta saber quando ela entrará de fato no jogo e fará a balança pesar a favor da moralidade.

Confesso que fiquei pensando muito sobre uma metáfora que simbolizasse essa relação exploratória entre a entidade e os clubes. Veio à mente a velha figura do gerente de sauna, aquele que ganha dinheiro com o suor dos outros, mas preferi ficar com um comentário de uma amiga nas redes sociais: a FERJ se julga a cafetina e vê os clubes como suas prostitutas. Julgo a analogia perfeita, porque as prostitutas literalmente se f* para colocar dinheiro na mão da cafetina, que em geral tem apenas o trabalho de lhes garantir clientes e um local para a prática do ato sexual. Não raro a relação torna a prostituta sempre devedora e escrava de uma situação que a obriga a trabalhar cada vez mais para quitar suas pendências com a cafetina. Ou alguém acha que é o outro o destino de quem disputa um campeonato com média de público de 4.983 pagantes e precisa pagar taxas extorsivas à federação?

O Fluminense é, sem dúvida, o alvo preferencial deste covil de escroques. Notificação enviada nesta última terça-feira pelo diretor de competições da federação, Marcelo Viana, ao presidente Peter Siemsen, faz cobrança de 400 mil reais ao Tricolor, metade dos quais referentes a taxas sobre jogos deficitários do Fluminense (2 dos quais com locais de jogo modificados de última hora) e a outra metade referente ao repasse proporcional ao reajuste de 20% das cotas de tv, que não teria sido efetuado. O mandatário tricolor alega que outros clubes não pagaram a referida diferença e estranha que a cobrança esteja sendo feita somente sobre o Tricolor.

Além desta cobrança, votação ocorrida na última reunião conselho arbitral da FERJ modificou o rateio dos custos e dos lucros no Maracanã, passando por cima dos contratos firmados entre o Consórcio e os clubes parceiros. O maior prejudicado, não por acaso, é o Fluminense, que passará a arcar com custos operacionais das partidas disputadas no estádio, o que não está previsto no compromisso firmado com o Consórcio, no qual o Tricolor apenas dispõe das rendas obtidas no setor norte e sul. Chama a atenção que a medida não se estenda a outros estádios utilizados no certame, como o Engenhão ou o Estádio da Cidadania, por exemplo.

Por falar em conselho arbitral, vivemos tempos em que o campeonato sofre seguidas modificações em seu funcionamento pela banalização deste instrumento, um teatro de cartas marcadas cujas votações são sempre decididas por uma maioria de clubes pequenos e capachos, politicamente obedientes à ordem unida dada pelo capitão Eurico e o sargento Rubinho. Sempre que desejam justificar imposições que afetam o programa de sócio da dupla Fla-Flu, o discurso é o mesmo: “decisão legítima e democrática tomada pela maioria dos clubes filiados em reunião do conselho arbitral”. Qual legitimidade, cara pálida, se soma das torcidas desses clubes não chega a 5% dos torcedores do estado? Se juntos não conseguem preencher uma página de um compêndio realmente sério sobre a história do futebol brasileiro? Em nome de que se julgam autorizados a endossar medidas que atingem as finanças e os interesses de clubes que são a razão de ser do futebol carioca? E o que recebem em troca desta lealdade canina? Muitos sequer disputam as séries C e D do campeonato brasileiro e estão sempre ameaçados de fechar as portas enquanto a federação se enriquece.

Nunca os medíocres estiveram tão ousados. Hoje foi a vez do outrora grande Botafogo dar o seu latido de poodle e emitir nota informando que não cederá mais o Engenhão para jogos do Fluminense. Se alguém deseja ver o presidente do alvinegro num flagrante de covardia diante do poderio da FERJ, optando pela submissão, basta adiantar este vídeo para 04:51, clicando aqui.
Abram-se aspas: “Não é que o Botafogo apoie A, B ou C. O Botafogo quer que o campeonato tenha seu desenvolvimento normal. E o poder hoje é a federação”. Então é isso: o Botafogo abana o rabo para quem detém o poder. Quando perdeu o Engenhão e ficou à míngua para uma estranha reforma de urgência na sua cobertura, não teve por parte da FERJ a devida solidariedade.

Não me seduz apelar para um discurso messiânico de convencer todos os tricolores a abandonarem suas diferenças políticas e unirem forças para combater a FERJ, nosso inimigo em comum, pelo menos enquanto durar esta gestão ditatorial e suja. O que vou dizer fica apenas para reflexão. Tenho vista certa torcida organizada exibindo em todos os jogos uma faixa contra a atual gestão do clube, o que considero uma manifestação legítima e democrática, mas indago se não é chegado o momento das torcidas do Fluminense usarem de forma pacífica e criativa sua força popular para manifestar seu desagravo a esta entidade que, não obstante vampirizar os recursos financeiros legitimamente obtidos pelo Fluminense, ainda se vê no direito de persegui-lo, em vez de ajudar a promover seu desenvolvimento. Mais do que isso, torcedor, ela está atentando contra o seu direito de ver seu clube do coração jogar no Maracanã e a se beneficiar dos descontos previstos a que você tem direito enquanto sócio, à medida que nos clássicos tais benefícios dependem da anuência do rival que vamos enfrentar.

A guerra está declarada, não apenas contra a diretoria do clube, mas contra nós, torcedores.

E não se vence uma guerra com a casa dividida.


Por Bruno Leonardo



Autor: Bruno Leonardo

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