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Sempre tem, com os moleques de Xerém!(Foto: Nelson Perez/ Divulgação Fluminense FC) |
Ricardo Drubscky costuma brincar dizendo que não espera que
o Fluminense fique a sua cara, se não o time vai ficar feio à beça. Não é mesmo
hora de cobrar do treinador que a equipe já apresente suas concepções táticas.
Basicamente, o resumo desses dois jogos do Tricolor sob o comando do novo
treinador é de um time tecnicamente superior aos limitados Cabofriense e Barra
Mansa, jogando com o que tem de melhor, sem as substituições malucas de
Cristóvão e com a cabeça mais tranquila.
Esta partida contra o Barra Mansa foi um tanto atípica. O
time titular entrou em campo com 4 pendurados: Edson, Jean, Wagner e Giovanni.
A forte chuva que caiu durante boa parte do dia em Macaé deixou o campo pesado
e escorregadio, e não foram poucas as derrapagens. Ficou evidente que os
problemas defensivos deixados por Cristóvão ficaram agravados pela cautela de
Edson e Jean de evitarem o choque com os meias adversários, temendo levar o
cartão que os deixaria fora do clássico contra o Flamengo. Sob a arbitragem do polêmico
Índio era melhor mesmo não facilitar. Mesmo Wagner, que costuma ajudar bastante
na marcação, evitou um contato físico mais contundente.
Preocupa a situação da nossa defesa. Gum ainda apresenta
clara falta de ritmo de jogo e fez leitura muito equivocada no lance do
primeiro gol do Barra Mansa ao ficar marcando a bola. Com Marlon já cuidando da
marcação em cima do volante Rafael, que deu o último passe, cabia a Gum
acompanhar o centroavante Hudson, que se projetou facilmente nas suas costas. A
tabela despretensiosa do Barra Mansa que resultou no gol também contou com a
falta de combate de Wagner e Edson na jogada, que assistiram à tabela entre
Vitinho e Rafael. São falhas defensivas que não podem de forma nenhuma se
repetir contra o Flamengo, especialmente com o veloz Marcelo Cirino no comando
do ataque rubro-negro.
No campo ofensivo, algumas situações já começam a refletir a
interferência de Drubscky no time. As peças estão menos fixas, com inversões de
posição entre Gerson e Wagner, que se revezam entre o setor esquerdo e a faixa
central do meio de campo. A rigor, isso já acontecia com Cristóvão, porém com
menor intensidade. Outra mudança visível é a maior flutuação de Kenedy na frente. Mais preso ao setor direito de ataque com Cristóvão, com Drubscky o
camisa 11 alterna frequentemente entre o lado esquerdo e direito.
Tanto é verdade que nosso primeiro gol contra o Barra Mansa nasce de um bom
cruzamento de Wellington Silva (de perna esquerda) para Kenedy na esquerda, que
escora para o centro da pequena área buscando a conclusão de Fred. No lance do
2º gol, é Giovanni que cruza com precisão para o mesmo Kenedy, agora na direita,
matar no peito e chutar com categoria no canto direito do goleiro. Em ambos os casos, o cruzamento certeiro e o bom posicionamento no 2º pau foram determinantes. Edson, antes
mais participativo nas subidas ao ataque, tem ficado mais preso para liberar
Jean, e só demonstra presença ofensiva nas jogadas de bola parada.
Abro parênteses para falar de Kenedy. Tem muita gente sendo
obrigada a mudar seus conceitos sobre nosso atacante. Há sempre uma pressão
descabida para que Xerém forme craques. Xerém precisa revelar jogadores
competitivos. Craque é exceção em qualquer lugar. Se vier, é lucro. Kenedy é
sim bom jogador e competitivo. Precisa de tempo e sequência de jogos para
crescer, pegar confiança. O que não vai acontecer com a exibição de cartazes precipitados
como este abaixo, ostentado por 4 cadetes do espaço.
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A NASA aguarda o envio dos currículos |
Abro novos parênteses para Gerson. No gol de categoria
assinalado na partida anterior, contra a Cabofriense, Gerson parte do campo de
defesa, após roubada de bola do Wagner, percorre cerca de 80 metros e chega
inteiro para fazer o gol. Ontem, contra o Barra Mansa, Gerson parte da nossa
intermediária defensiva e chega a tempo para concluir a gol, após centro
perfeito de Vinicius, na casa dos 34 minutos do 2º tempo. Como é bom ser jovem!
Como estava faltando essa dose de juventude em certos momentos da temporada
passada.
Falando em Vinicius, duas entradas no decorrer do jogo, dois
belos cruzamentos para gol, atuando pelo setor de Wagner, enquanto com
Cristóvão ficava fixo pela faixa central. Será que o ex-meia do Náutico vai se
firmar como opção de segundo tempo do time?
Que venha o Coisa Ruim. E que Drubscky consiga ao longo da semana
tomar uma decisão: se pretende continuar jogando com a zaga em linha e adiantada,
terá que conscientizar a equipe que a marcação precisa começar alta e intensa
para que a bola chegue em condições precárias para os homens de criação
adversários. Se concluir que não há tempo hábil para mudar a característica de
jogadores pouco afeitos à marcação como Fred, Gerson e Kenedy, precisa
posicionar o time mais atrás e congestionar o meio, diminuir o espaço entre as linhas. Se continuar do jeito que
está será bola nas costas de Gum ou Marlon o tempo todo.
TIRO LIVRE:
- Com 2 gols em momentos importantes da partida e
compartilhando a liderança da artilharia com Cirino e Rodrigo Pinho, Fred
chegou a 299 na carreira, quase metade deles no Fluminense. Tá com cheiro de
que caberá ao clube de regatas levar o tricentésimo. Que seja. Isso é a cara
deles. E do Fred.
- 2781 pagantes contra a Cabofriense e apenas 861 pagantes
contra o Barra Mansa. Entendo a falta de apelo dos jogos contra times pequenos
e em especial no jogo de ontem, o desestímulo trazido pelo temporal que caiu em
Macaé. Mas indago como a torcida deseja que o time tenha caixa para contratar
treinador de ponta e ainda feche o orçamento no azul. Na última partida do
Corinthians dentro do Lulão (contra a Penapolense), foram 27 mil pagantes e 1,1 milhão de renda. Com
toda essa discrepância, ainda vamos exigir que tenhamos um time tão competitivo
quanto o dos gambás no brasileirão.
- Wellington Silva tem sido, na média, o melhor jogador do
Fluminense na temporada. Preparo físico invejável, boa taxa de acerto nos
cruzamentos, ótimo fase técnica. Que upgrade em relação ao Bruno!
- A semana promete com o lançamento das novas modalidades de
sócio e com a discussão do orçamento para 2015 no Conselho Deliberativo. Duas
questões que apontam para o futuro do clube e que exigem de nós ponderações
lúcidas, serenas. Nas redes sociais, tenho visto de tudo um pouco: otimismo,
críticas construtivas e o clássico “ não vi e já não gostei”. Em momento
oportuno, com mais informações à disposição, opinarei sobre essas duas questões.
Por Bruno Leonardo
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