Imagem: Mailson Santana / Fluminense FC |
O Fluminense perdeu mais um clássico e está
eliminado do Campeonato Carioca. São acontecimentos que já se tornaram parte da
rotina dos últimos anos. Independente de elenco, treinador e qualidade do
adversário, o clube parece destinado a fracassar contra os rivais locais. A
exceção fica por conta de 2012, temporada em que, não coincidentemente, se
sagrou campeão estadual e brasileiro. A eliminação para o Botafogo no Carioca
2016, porém, não requer uma explicação mais profunda. O time de Levir Culpi
teve péssima atuação e a derrota por 1 a 0 ficou até barata, dado o número de
chances criadas pela equipe brilhantemente comandada por Ricardo Gomes.
Não
foi a primeira vez que vimos o treinador botafoguense dar um verdadeiro nó
tático no clube que o revelou para o futebol. No primeiro confronto do ano,
tranquila vitória alvinegra por 2 a 0 em partida que culminou na demissão de
Eduardo Baptista. Já contra Levir, no primeiro jogo do treinador com os
titulares, mais um amplo domínio do Botafogo. Naquela oportunidade, Gum impediu
a derrota nos acréscimos. Dessa vez, não houve gol salvador - mesmo com um homem a mais nos últimos 15 minutos - e o Flu perdeu a
chance de voltar ao Maracanã antes de outubro.
No
futebol, há casos e casos de bons times com um estilo de jogo que simplesmente
não encaixa contra determinados adversários. Parece essa a explicação para um
fato que se repete pela terceira vez em um curto espaço de tempo. A eficiente e
compactada defesa botafoguense anula a influência que Cícero, Gerson e Scarpa
costumam exercer com a bola. O resultado é um meio-campo infértil que erra
muitos passes e não sabe o que fazer. O castigo vem nos contra-ataques em alta
velocidade, sempre com a zaga desprotegida e na torcida por um milagre de
Cavalieri.
O
trabalho de Levir Culpi nos dois meses quase completos em Laranjeiras é ótimo e
foi ratificado pela conquista da Copa da Primeira Liga. No entanto, algumas
decisões precisam ser repensadas para a disputa do Brasileirão. Injustificável,
por exemplo, que o técnico tenha optado por deixar dois zagueiros no banco em
detrimento de peças como Eduardo e Richarlison - sequer relacionados -, capazes
de agregar na produção ofensiva. Outro erro de Levir na noite de domingo foi na
leitura do jogo. As substituições se mostraram equivocadas e em nada
acrescentaram ao time.
Pierre
era quem deveria ter deixado o campo para a entrada de Douglas no intervalo. O
primeiro volante torna-se praticamente inútil quando há desvantagem no placar e
a proteção à defesa - razão da sua titularidade - não está sendo bem executada.
Iniciar a segunda etapa com Douglas, Cícero, Scarpa e Gerson daria tempo ao
time para acertar a saída de bola com tantas opções para realizá-la com
qualidade. E Cícero, bem menos ativo quando joga avançado, não teve
oportunidade alguma de penetração diante de uma defesa fechada.
Por
fim, a saída de Osvaldo matou a única válvula de escape que o Fluminense
apresentava. O camisa 17, pelos lados, foi o responsável por criar
as duas jogadas que terminaram em chances concretas para o Fluminense durante toda a
partida. Na primeira, Gerson recebeu e chutou mal. Na segunda, após linda
jogada pela esquerda, cruzou e Cícero perdeu a bola do empate. A necessária entrada
de Marcos Jr seria mais coerente no lugar de Scarpa ou Fred, apagados, mas
nenhum treinador no mundo teria coragem de tirar um dos dois com a urgência de
fazer um gol.
Sobre
a arbitragem, nada diferente do que se espera na competição de Rubens Lopes e
seus compadres. Costumo evitar comentários nesse âmbito para não deturpar a
análise de uma coluna que busca entender como os aspectos técnicos e táticos
foram determinantes para o resultado. No clássico de Volta Redonda, apesar
do(s) pênalti(s) não marcado(s), não dá para botar a derrota na conta do juiz.
Ao contrário do duelo com o Vasco em Manaus, no qual o gol mal anulado de
Renato Chaves foi decisivo para a derrota tricolor. Mesmo assim, não citei uma
linha sobre o lance nesse espaço.
A
começar por esta segunda-feira, serão três semanas reservadas apenas para
treinos. Levir e diretoria terão tempo de sobra para ajustar a equipe, detectar
as carências do elenco e fazer as contratações necessárias para um Fluminense
competitivo no Brasileirão e na Copa do Brasil. É tempo, também, para Fred
entrar em forma e chegar ao segundo semestre na ponta dos cascos, em sintonia
com o restante do time. Há um potencial a ser explorado e a torcida anseia por
um ano verdadeiramente positivo.
Nenhum comentário