Imagem: Mailson Santana / Fluminense FC |
*Por Daniel Souza
O Fluminense conseguiu um resultado fundamental no domingo. A vitória pelo placar mínimo diante do Botafogo teve sabor de goleada.
Deu fim a um incômodo jejum em clássicos – nenhuma vitória em 2016, incluindo
um empate e duas derrotas para este mesmo Botafogo – e amenizou a frustração dos resultados anteriores, contra Santa Cruz e Palmeiras.
Levando em conta os clássicos contra o Alvinegro em 2016,
o Tricolor tinha motivos para se preocupar. Além da ausência de vitórias, foi muito inferior ao oponente em todos. O roteiro foi bem semelhante: o Botafogo, extremamente aplicado e bem treinado por Ricardo
Gomes, posicionava bem seus meio-campistas e extremos para inviabilizar
a fluidez do jogo tricolor, e o nosso time pouco ou nada produzia, com vários erros e inúmeras oportunidades cedidas ao rival.
É interessante analisar números para entender isso
melhor:
24/02: Botafogo 2 x 0 Fluminense – Finalizações: Botafogo
8 x 7 Fluminense / Posse de bola: Botafogo 39% - Fluminense 61%
13/03: Fluminense 1 x 1 Botafogo – Finalizações:
Fluminense 9 x 14 Botafogo / Posse de bola: Fluminense 54% - Botafogo 46%
24/04: Fluminense 0 x 1 Botafogo – Finalizações:
Fluminense 7 x 15 Botafogo / Posse de bola: Fluminense 47% - Botafogo 53%
Em dois dos três jogos, o Fluminense teve mais a bola que
o rival, porém, em todos, produziu muito menos chances de gol com a bola no pé,
não só por incompetência própria, mas também por mérito do jogo coletivo do
Botafogo. Agora, veja os números de ontem:
29/05: Fluminense 1 x 0 Botafogo – Finalizações:
Fluminense 14 x 6 Botafogo / Posse de bola: Fluminense 48% - Botafogo 52%
A história não se repetiu. O time começou com uma
formação que não me agrada (Edson e Pierre juntos), mas se portou de forma
extremamente disciplinada ao longo dos 90 minutos, o que se reflete em um
número (mais um) interessante: o Fluminense desarmou 35 vezes, contra apenas 14
do Botafogo. Mais que o dobro. Nos três jogos anteriores do Brasileirão, 16 desarmes havia sido o máximo conquistado nesse quesito, contra
o Santa Cruz. Número espetacular.
Nem tudo são coisas boas, obviamente. A atuação como um
todo, apesar de muito aplicada, não foi das mais inspiradas ofensivamente. Na
etapa inicial, o time foi refém de bolas paradas para oferecer perigo. E, diga-se, nesse tipo de jogada tivemos duas chances claríssimas com Henrique e
Cícero por volta dos 20 minutos. Apenas no fim do primeiro tempo criamos chances claras com bola rolando, em triangulações, uma que culminou em
cruzamento de Fred na cabeça de Cícero e outra em passe de Richarlison para o
mesmo Cícero finalizar para fora.
No fim do primeiro tempo, Pierre sentiu um
problema muscular e deixou o campo para o lugar de Douglas. O volante formado
em Xerém é reconhecido por sua categoria e qualidade no passe. Quem me conhece
sabe como tenho esperanças em seu futebol e peço sua titularidade há
tempos. E foi dele que nasceu o nosso gol, aos 5 da etapa final, quando apareceu à
frente para pressionar a saída de bola alvinegra e rolou para o capitão Fred
fazer o que lhe é habitual: gol no Botafogo.
Dali em diante, o jogo ficou extremamente travado, com
poucas situações de gol. O Fluminense optou por jogar na base dos
contra-ataques, só que, assim como contra América e Santa Cruz,
não definiu bem essas jogadas e deixou de matar o jogo. O rival teve uma boa chance
aos 38, em finalização perigosa de Sassá na nossa área. De resto, dá pra
dizer que o Fluminense foi seguro defensivamente, dando poucos sustos a nós,
torcedores, apesar da diferença mínima no placar.
Na minha visão, foi uma atuação apenas mediana, sem evolução na prática, mas com indícios de caminhos para evoluir. Douglas teve que entrar por força do destino, foi muito bem, é talentoso e
não deve ser sacado do time. Richarlison é um menino, comete erros
bobos, mas possui técnica apurada e é um dos poucos jogadores agudos que temos,
daqueles que partem para cima de defesas bem armadas com coragem e ousadia. É outro que precisa ser mantido.
Este homem não pode ser reserva (Imagem: Nelson Perez / Fluminense FC) |
Cícero jogou mais adiantado, apareceu muito na área e finalizou mais (foi o maior finalizador do jogo, com 7 arremates). Porém, gosto do nosso camisa 7
mais atrás, como volante, ajudando a organizar nossa saída de bola. Ali, creio
que agrega mais ao nosso time. Mas não dá pra dizer que Edson fez uma
partida ruim. Longe disso. Extremamente firme no combate e com subidas pontuais ao ataque. Com Douglas aparecendo bem no clássico de ontem e
entrando forte na briga pela titularidade, fica uma dúvida interessante para a
composição do meio-campo nos próximos jogos.
Eu ainda não sei o que esperar desse time no campeonato.
Prefiro aguardar e pensar em um jogo de cada vez. Mas, independentemente de onde
brigarmos, essa vitória foi fundamental. Agora, temos dois jogos dificílimos como visitante, contra Atlético-MG e Chapecoense, dois times que costumam
fazer valer o fator casa. São duas provas de fogo que nos darão uma ideia
melhor de como estamos. Aguardemos.
PS: Douglas, que jogou pouco mais de 45 minutos, foi,
empatado com Giovanni, o jogador com mais desarmes no jogo (seis). Um número impactante.
PS2: Partida abaixo da média de Gustavo Scarpa. Muitos
erros de passe importantes na construção das jogadas, sobretudo nos
contra-ataques do segundo tempo. Mas obviamente, tem muito crédito.
*Autor convidado, Daniel Souza é gestor do FluLink e estudante de Economia nas horas vagas.
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