Todo tricolor que conhece
mais a fundo o time pelo qual torce já esperava um tropeço contra um Inter em
frangalhos, há dez partidas sem conhecer uma vitória (oito derrotas). Mas não
precisava ser com requintes de crueldade.
O
Fluminense iniciou disposto a matar o jogo ainda no começo e logo abriu o
placar no golaço de Scarpa aos dois minutos. Não recuou e seguiu com o controle
da partida, comandado por um Scarpa dominante na intermediária ofensiva e por
Douglas e Cícero cada vez mais donos do meio-campo.
Do outro
lado, um bando de jogadores que sequer demonstrava resquícios de um esquema
tático ou de um plano ofensivo de jogadas. Uma vez com a bola no terço final,
os colorados arriscavam chutes de qualquer jeito, seja por falta de alternativa
melhor ou pelo desespero de atletas em uma situação cada vez mais crítica, na
qual sentem a necessidade de resolver todos os problemas em um único lance.
Muito semelhante a uma certa seleção verde e amarela.
E foi na
base da tentativa de ser herói que Seijas, primeiro, obrigou Cavalieri a fazer
grande defesa e, depois, empatou no minuto derradeiro da etapa inicial. O gol
do venezuelano foi logo depois de uma (in)decisão extremamente infeliz de
William Matheus. O Fluminense tinha flagrante superioridade numérica em um
contra-ataque capaz de matar o jogo, mas o lateral prendeu a bola até ser
desarmado e o castigo veio a cavalo. Minha reação a essa sequência de
acontecimentos foi impublicável.
Quando o
Flu ainda vencia por 1 a 0, Gum marcou de cabeça e viu seu tento ser anulado
após a arbitragem alegar participação de Cícero na jogada. Considero a marcação
no máximo questionável, não vi como um erro determinante para o resultado.
Pode ter
passado despercebido para muitos, porém a participação de Henrique Dourado me
agradou. Não se escondeu do jogo e realizou de maneira efetiva o trabalho de
pivô que dele se espera, prestando auxílio à linha de meias. A não ser por uma
questão física não divulgada, não houve justificativa plausível para a troca
por Samuel no intervalo.
Diferente
da correta substituição de um errático e nervoso Marcos Jr. por Danilinho, que
entrou bem e contribuiu com uma assistência para o segundo gol de Scarpa,
quando o equilíbrio era a tônica da partida. Vale destacar, também, a arrancada
de Wellington na origem da jogada. A cria de Xerém impressiona por sua
velocidade infernal aliada à agilidade na tomada inteligente de decisões. Com
apenas três jogos, já é nítida a importância do camisa 11 para o time.
O segundo
gol colorado, já na reta final, é daqueles que fica passando na cabeça por um
bom tempo, tamanha a bobeada da defesa com a bola "viva" na grande
área. Assim como o gol, ficará como triste memória o tropeço diante de uma
equipe que apresenta o pior futebol do campeonato nas últimas rodadas – Falcão
foi demitido após cinco partidas. Retrato de um Fluminense que não
consegue decolar no Brasileirão, incapaz até mesmo de conseguir duas vitórias
consecutivas.
Para os
mais supersticiosos, o Tricolor encerrou o primeiro turno de 2011 com os mesmos
25 pontos que tem, com 18 jogos, hoje. Na ocasião, o clube ocupava a 11ª
colocação, uma abaixo da atual, e teve apenas um empate na primeira metade do
certame nacional, bem menos que os sete deste ano. O segundo turno foi um show
à parte de Deco, Fred e cia coroado com o terceiro lugar e a vaga direta para a
Libertadores.
Não quero
comparar a qualidade técnica dos dois elencos, mas serve de combustível para
sonharmos com uma sequência mais vitoriosa no restante de 2016. Será muito
difícil alcançar a parte de cima da tabela, porém é fundamental definir um
time, manter um padrão de jogo e chegar na ponta dos cascos para a Copa do
Brasil, na qual temos reais chances.
Na
próxima rodada, um América em ascensão, que se encontrou sob o comando de
Enderson Moreira. O novo treinador já segurou um 0 a 0 com o Grêmio e venceu o
Santos, dois dos postulantes ao título. Extrema dificuldade pela frente em
Cariacica, onde espero ver o estádio cheio de tricolores para empurrar o
Fluminense rumo a novas perspectivas no segundo turno.
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