Imagem: Nelson Perez / Fluminense FC |
O 2016 do Fluminense parecia
promissor. Eduardo Baptista, jovem e atualizado com conceitos táticos modernos,
teria o bom time reforçado pelas chegadas de Henrique e Diego Souza. A
diretoria, no entanto, deixou se levar por uma irracional pressão decorrente de
tropeços no Carioca – típicos de começo de temporada – e demitiu o treinador
antes que se completassem 25 partidas oficiais sob seu comando.
Para substituir Baptista, os
pedidos da torcida por um “medalhão” foram atendidos e Levir Culpi assumiu a
equipe após realizar trabalho de sucesso no Atlético-MG. Nos primeiros meses,
Levir ajustou o sistema defensivo e aproveitou os melhores aspectos do estilo
de Eduardo para superar com tranquilidade os adversários inferiores do Estadual
e conquistar o título da Primeira Liga.
Cícero de volante –
comandando a saída de três – e Scarpa partindo da direita – mais efetivo –
foram os principais legados do técnico demitido em fevereiro. Durante todo o
ano, ambos carregaram o Fluminense, e os números comprovam isso. Levir se
perdeu completamente e o time organizado do Carioca e da Primeira Liga virou um
arremedo nas grandes competições.
Um conjunto coerente,
compacto e com movimentos bem treinados chegou a ser esboçado em alguns
momentos. Além dos pilares já citados, havia a dinâmica de Douglas no
meio-campo, a velocidade no contragolpe trazida por Wellington e a constante
movimentação de Richarlison no ataque. O treinador, porém, logo cortava as boas
ideias pela raiz em troca de uma ilusória proteção defensiva com Pierre à
frente da zaga, extremamente danosa ao jogo com bola da equipe.
A culpa pelas infindáveis
oscilações foi essencialmente de Levir. Havia material de sobra para conquistar
uma vaga no G6, e terminamos, de forma melancólica, na 13ª colocação. Basta
comparar os nossos jogadores com os de Botafogo e Atlético-PR para constatar o
óbvio: era possível ir muito mais longe com um treinador disposto a se esforçar
para fazer um bom trabalho. O erro da demissão de Eduardo Baptista ficou
escancarado após a Ponte Preta – com um elenco medíocre, candidato a
rebaixamento – alcançar um honroso oitavo lugar.
Isto posto, o sucesso em
2017 estará diretamente ligado às ações de Abel Braga, em sua terceira passagem
como treinador do clube. De suas intenções não podemos duvidar, uma vez que
carrega o verde, o branco e o grená na alma. Em 2014, seu último ano no futebol
brasileiro, levou o Inter à vaga direta para a Libertadores. As peças eram de
nível semelhante ao que temos, hoje, à disposição. Não acredito, nem de longe,
no cenário do apocalipse apontado por alguns.
Não são apostas e chegam para jogar (Imagem: Nelson Perez / Fluminense FC) |
Há, no entanto, algumas
carências a serem supridas para fechar o plantel, além das pendências a serem
resolvidas para desinchá-lo nas posições onde há atletas em excesso. A urgência
de contratação está na lateral, em especial após as saídas de Wellington Silva
e Jonathan. Lucas aparece como alvo e representa uma queda de nível, pois não
atua com regularidade há anos. Na esquerda, tudo indica que Léo Pelé será o
titular, mas ainda falta alguém para brigar por posição com o jovem defensor.
Na zaga, com a permanência
de Gum, estamos bem servidos. Renato Chaves reúne diversas qualidades,
inclusive com a bola nos pés, e pode até ganhar a posição do veterano para
formar dupla com Henrique. No meio-campo, Abel insiste na contratação de um
primeiro volante, mas não deveria. Orejuela é uma contratação de peso. Chega para
ser titular. O equatoriano pode atuar à frente da zaga, assim como Douglas, e
ambos têm tudo para fazer ótima parceria.
Seria um erro abrir mão de
algum deles em troca de um “cincão”. Matheus Sales, potencial contratação, pode
compor bem o elenco, dadas as fragilidades demonstradas por Edson e Pierre. O
primeiro deve ser negociado, pois é novo e tem mercado. Para o segundo, o Fluminense
dificilmente encontrará alguém interessado.
Mais à frente, no setor
ofensivo, estão as grandes esperanças do ano. Um quarteto com Scarpa, Sornoza,
Wellington e Richarlison é muitíssimo promissor. O meia equatoriano, um dos
destaques da última Libertadores, chega para preencher uma faixa do campo que
ficou sem dono desde a saída de Diego Souza. Quem melhor atuou por ali foi Marcos
Júnior, muito embora não seja sua posição de origem.
Para o ataque, Henrique
Dourado poderia ser uma opção útil no banco de reservas se não recebesse salário
incompatível com a realidade do clube. Deverá ser negociado. Situação
semelhante à de Osvaldo, na ponta. Apesar de Abelão sinalizar a contratação de
um centroavante de origem, gostaria de ver Richarlison como o 9 desse time. A
revelação do América-MG já mostrou qualidades de sobra para funcionar como um
atacante móvel, nos moldes de Luan e Gabriel Jesus, exemplos de sucesso das
últimas temporadas.
Somadas as contratações a
serem feitas para fechar o elenco, teremos peças suficientes para o treinador
formar um conjunto competitivo, como sempre faz. Evidentemente, a chegada de
grandes reforços catalisaria o processo, porém não estamos em condições de
almejá-los. A maior necessidade é confiar no projeto para alcançar, em 2017, um
padrão que inexistiu em 2016.
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